Flávio não é Mané. Comprou uma mansão de R$ 6 milhões em área nobre de Brasília. Mané mal consegue pagar 6 contos pelo litro de gasolina, vive na periferia, de aluguel, que está atrasado porque ele perdeu o emprego na pandemia.
Flávio não é Mané, mas é um mané. O cara vive enrolado na justiça, acabou de ter a quebra de sigilo bancário e fiscal anulada pelo STJ sob suspeita de interferência do pai, presidente da República, a seu favor. O garoto é acusado por lavagem de dinheiro e organização criminosa.
A denúncia sobre o esquema das rachadinhas comandado por ele, em parceria com Queiroz, preso no ano passado, envolve R$ 6 milhões em desvio de recursos públicos e a compra suspeitíssima de vários imóveis no Rio. Não há peixinho no mar da corrupção, há um tubarão graúdo a ser pego. Flávio é a isca.
A compra da nova casa do filho do presidente, que é senador, também aparece num momento, no mínimo, inadequado. Politicamente, uma transação desastrosa, mais uma rachadura na parede falsa da moral bolsonarista.
O país vive o auge da pandemia. Milhões de desempregados, gente passando fome sem o auxílio emergencial, que será a fortuna de 250 reais por mês, milhares morrendo por consequência da Covid, hospitais sem vaga na UTI, a maioria da população sem vacina.
Aí vem o filho do presidente e compra uma mansão de 6 milhões. Chega a ser um deboche, um perverso “e daí?”, embora seja uma questão aparentemente de ordem privada. É óbvio que o programa ‘Minha Mansão Minha Vida’ da família Bolsonaro também não agradaria seus aliados.
Flávio diz que vendeu apartamento no Rio para pagar parte do valor da mansão, e o restante financiou por um banco. Mas isso agora é o que menos importa. Seu passado e seu presente o condenam. A origem da sua fortuna em tempo recorde é óbvia, só não enxerga que não quer.
De uma coisa, tenho certeza. Mais cedo ou mais tarde, o país vai se livrar desses sujeitos, não tardará o retorno a sua mais profunda insignificância. O poder é efêmero, e o deslumbre cruel deles o tornará ainda mais breve. Eles são como peixes, morrem pela boca.
Allysson Teotonio
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