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Yes she can

“O macho adulto branco sempre no comando” (verso de O Estrangeiro, de Caetano) pode dar lugar à mulher jovem negra sempre comandada. O cenário da campanha eleitoral americana mudou completamente com a desistência de Joe Biden (81 anos) e a ascensão de Kamala Harris (59). Antes, Donald Trump (78) era o favorito, sobretudo após o desastroso desempenho de Biden no debate e o atentado ao republicano. Mas esse cenário não existe mais, a corrida eleitoral zerou. Os Estados Unidos vivem um momento histórico, nunca visto. Portanto, não sabemos ainda como esse processo pode terminar, porque é inédito tanto para democratas quanto para republicanos. Mas uma coisa é certa: nada será como antes. Apesar das incertezas da conjuntura, eu me arrisco a dizer que Kamala Harris tem maiores chances de vencer a eleição, embora hoje apareça numericamente atrás de Trump na maioria das pesquisas.  Em primeiro lugar, vale ressaltar que eles estão tecnicamente empatados em todas as pesquisas divulgadas até a...
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De peito aberto

Era uma terça-feira, não era um dia qualquer pra mim. O sol ainda não havia chegado, mas a minha ansiedade estava reluzente. Cheguei ao hospital às 5:43 da manhã. Era um misto de medo e esperança, e o coração prestes a sair pela boca. No dia 5 de setembro, fui submetido a uma cirurgia no coração. O procedimento (aberto), inevitável para me livrar de um aneurisma na aorta ascendente do coração, aconteceu no John Muir Medical Center, em Concord, Califórnia. A cirurgia foi um sucesso, e o processo de recuperação segue bem, dentro da normalidade. Já estou em casa, após cinco dias hospitalizado. Comandada pelo cirurgião-chefe Murali Dharan, a equipe foi impecável antes, durante e depois da cirurgia.  Ah, é importante voltar alguns anos no tempo pra contar melhor essa história. Descobri o aneurisma em João Pessoa, em 2012, ao fazer exames de rotina. Na época, a cirurgia não era necessária porque o tamanho da dilatação era pequeno.  Durante cinco anos, fui acompanhado pelos médicos A...

PAREM

Parem de misturar religião com eleição, parem de usar igreja como palanque. O debate é político, é sobre economia, saúde, educação, segurança, meio ambiente, ciência, tecnologia. É sobre governo, gestão pública.  Parem. O debate não é sobre fé, crença, descrença, Bíblia. É sobre a Constituição Federal. É sobre fome, desemprego, miséria, democracia, injustiças, desigualdade social.  Parem. O debate não é sobre Deus e o diabo, céu e inferno. É sobre gente, de carne e osso. É sobre o povo que tem mais osso e menos carne na mesa e no corpo. Parem de usar o nome de Cristo como cabo-eleitoral. O debate não é sobre Jesus. É sobre o homem imperfeito que deve ser eleito presidente, capaz de governar com respeito e compaixão. Não é sobre católicos e evangélicos, é sobre brasileiros. O debate é sobre quem não pode governar apenas para os iguais, mas também para os diferentes. Parem de sabotar o debate político-eleitoral. Parem de sabotar o soberano exercício democrático. O Estado é laico...

O grande favorito

Apesar da poderosa máquina do governo federal, do orçamento secreto com bilhões de reais nas mãos de aliados, do pacote eleitoral de bondades que incluiu a redução do preço dos combustíveis e o aumento do Auxílio Brasil, da campanha indisfarçável de igrejas evangélicas, do poder econômico do agronegócio e da Faria Lima, Lula venceu no primeiro turno com mais de 6 milhões de votos à frente de Bolsonaro. Faltou apenas 1,57% para se eleger presidente no domingo passado. A vitória de Lula é fenomenal. É um feito histórico no Brasil. Ele conseguiu a maior votação da história em primeiro turno. E mais: na frente do atual presidente da República e candidato à reeleição. Outro feito inédito. Mais espetacular ainda porque ele também venceu, na prática, a escancarara e poderosa máquina de compra de votos do governo Bolsonaro. E por falar em compra de votos, o orçamento secreto comandado pelos aliados de Bolsonaro fez (coincidentemente) uma grande bancada bolsonarista no Congresso Nacional. O PL,...

O fanatismo é uma prisão

Tudo que acontece na vida tem uma causa. Não necessariamente é obra, castigo ou ausência de Deus. Muitas vezes é tão somente consequência de nossos atos mundanos. É imprescindível estar atento a cada ato, a cada passo. Não permita que a sua fé se transforme em fanatismo. Pois, se isso acontece, perde-se a capacidade de compreender a realidade.  O Brasil de hoje, em pleno debate eleitoral, precisa mais do que nunca compreender a realidade. Fincar os pés no chão, não no céu. O momento exige a defesa intransigente da Constituição, o livro que rege o país de todos, não de alguns. O livro que garante, inclusive, a sua liberdade religiosa. A vida espiritual não deve anular a vida real. Uma complementa a outra; elas se retroalimentam. Perder a compreensão da realidade é viver em um mundo que não existe, alienado. É uma prisão – e não há saída. Não permita que os vendedores da palavra de Deus comprem a sua consciência, o seu discernimento, a sua liberdade, a sua crença, a sua alma, a sua f...