Pular para o conteúdo principal

Postagens

Não foi somente agito

Conheci Anchieta Maia quando eu tinha uns 16 anos, eu era aluno do colégio CA. Já tinha decido fazer vestibular para jornalismo e era vocalista da banda de rock Anjos do Asfalto. E ele era uma espécie de ‘pop-star’, sempre era visto no CA, aliás, em quase todos os colégios de João Pessoa.  Em uma de suas passagens pelo CA, abordei o tão ‘badalado’ Anchieta Maia, contei brevemente minha ideia e, para minha surpresa, ele foi muito receptivo e disse que eu fosse à redação conversar com Galvão. Eu era fã da revista Bizz, queria fazer algo naquela linha em nível local.  Em poucos dias, eu já estava publicando minha primeira coluna sobre a cena musical, no jornal Moçada que Agita. O editor era o jovem jornalista Walter Galvão. Foi lá onde dei meus primeiros passos no jornalismo, onde também conheci outros jovens jornalistas: José Carlos dos Anjos, Fábio Cardoso e Edinho Magalhães. Bons tempos aqueles. No final dos anos 80, Anchieta criou o Canta Moçada, um evento fundamental para as...
Postagens recentes

Yes she can

“O macho adulto branco sempre no comando” (verso de O Estrangeiro, de Caetano) pode dar lugar à mulher jovem negra sempre comandada. O cenário da campanha eleitoral americana mudou completamente com a desistência de Joe Biden (81 anos) e a ascensão de Kamala Harris (59). Antes, Donald Trump (78) era o favorito, sobretudo após o desastroso desempenho de Biden no debate e o atentado ao republicano. Mas esse cenário não existe mais, a corrida eleitoral zerou. Os Estados Unidos vivem um momento histórico, nunca visto. Portanto, não sabemos ainda como esse processo pode terminar, porque é inédito tanto para democratas quanto para republicanos. Mas uma coisa é certa: nada será como antes. Apesar das incertezas da conjuntura, eu me arrisco a dizer que Kamala Harris tem maiores chances de vencer a eleição, embora hoje apareça numericamente atrás de Trump na maioria das pesquisas.  Em primeiro lugar, vale ressaltar que eles estão tecnicamente empatados em todas as pesquisas divulgadas até a...

De peito aberto

Era uma terça-feira, não era um dia qualquer pra mim. O sol ainda não havia chegado, mas a minha ansiedade estava reluzente. Cheguei ao hospital às 5:43 da manhã. Era um misto de medo e esperança, e o coração prestes a sair pela boca. No dia 5 de setembro, fui submetido a uma cirurgia no coração. O procedimento (aberto), inevitável para me livrar de um aneurisma na aorta ascendente do coração, aconteceu no John Muir Medical Center, em Concord, Califórnia. A cirurgia foi um sucesso, e o processo de recuperação segue bem, dentro da normalidade. Já estou em casa, após cinco dias hospitalizado. Comandada pelo cirurgião-chefe Murali Dharan, a equipe foi impecável antes, durante e depois da cirurgia.  Ah, é importante voltar alguns anos no tempo pra contar melhor essa história. Descobri o aneurisma em João Pessoa, em 2012, ao fazer exames de rotina. Na época, a cirurgia não era necessária porque o tamanho da dilatação era pequeno.  Durante cinco anos, fui acompanhado pelos médicos A...

PAREM

Parem de misturar religião com eleição, parem de usar igreja como palanque. O debate é político, é sobre economia, saúde, educação, segurança, meio ambiente, ciência, tecnologia. É sobre governo, gestão pública.  Parem. O debate não é sobre fé, crença, descrença, Bíblia. É sobre a Constituição Federal. É sobre fome, desemprego, miséria, democracia, injustiças, desigualdade social.  Parem. O debate não é sobre Deus e o diabo, céu e inferno. É sobre gente, de carne e osso. É sobre o povo que tem mais osso e menos carne na mesa e no corpo. Parem de usar o nome de Cristo como cabo-eleitoral. O debate não é sobre Jesus. É sobre o homem imperfeito que deve ser eleito presidente, capaz de governar com respeito e compaixão. Não é sobre católicos e evangélicos, é sobre brasileiros. O debate é sobre quem não pode governar apenas para os iguais, mas também para os diferentes. Parem de sabotar o debate político-eleitoral. Parem de sabotar o soberano exercício democrático. O Estado é laico...

O grande favorito

Apesar da poderosa máquina do governo federal, do orçamento secreto com bilhões de reais nas mãos de aliados, do pacote eleitoral de bondades que incluiu a redução do preço dos combustíveis e o aumento do Auxílio Brasil, da campanha indisfarçável de igrejas evangélicas, do poder econômico do agronegócio e da Faria Lima, Lula venceu no primeiro turno com mais de 6 milhões de votos à frente de Bolsonaro. Faltou apenas 1,57% para se eleger presidente no domingo passado. A vitória de Lula é fenomenal. É um feito histórico no Brasil. Ele conseguiu a maior votação da história em primeiro turno. E mais: na frente do atual presidente da República e candidato à reeleição. Outro feito inédito. Mais espetacular ainda porque ele também venceu, na prática, a escancarara e poderosa máquina de compra de votos do governo Bolsonaro. E por falar em compra de votos, o orçamento secreto comandado pelos aliados de Bolsonaro fez (coincidentemente) uma grande bancada bolsonarista no Congresso Nacional. O PL,...